Astrônomos confirmam o buraco negro mais distante já observado no Universo primordial

Pesquisadores identificaram um buraco negro ativo a mais de 13 bilhões de anos-luz, o mais distante já confirmado. A descoberta, publicada no Astrophysical Journal Letters, ajuda a entender como buracos negros supermassivos cresceram tão cedo na história cósmica.

NOTICIASASTRONOMIA

David Braian

9/26/20252 min read

Buraco Negro (imagem ilustrativa)
Buraco Negro (imagem ilustrativa)

Em uma das descobertas mais importantes da astronomia recente, cientistas anunciaram a detecção do buraco negro ativo mais distante já confirmado. Localizado na galáxia apelidada de Little Red Dot (Pequeno Ponto Vermelho), esse objeto cósmico é visto como era há mais de 13 bilhões de anos, quando o universo ainda estava em sua infância.

O estudo foi publicado no Astrophysical Journal Letters e revelou que a fonte, chamada CAPERS-LRD-z9, encontra-se a um redshift de z = 9,288. Em termos simples, isso significa que a luz que chega até nós partiu quando o universo tinha menos de 600 milhões de anos de idade. O objeto se destaca não apenas pela distância, mas também porque apresenta sinais claros de atividade nuclear típica de buracos negros supermassivos em crescimento.

As evidências vêm de espectroscopia detalhada. Ao analisar a luz emitida pela galáxia, os pesquisadores detectaram linhas largas de emissão de hidrogênio, o que indica a presença de uma região de linha larga — característica dos núcleos ativos de galáxias, onde o gás se aquece e brilha ao ser acelerado pelo campo gravitacional de um buraco negro central. Essas assinaturas espectrais não deixam dúvidas de que se trata de um buraco negro em plena fase de acreção, engolindo matéria a taxas intensas.

A massa estimada para esse buraco negro pode chegar a dezenas de milhões de vezes a massa do Sol, o que torna a descoberta ainda mais intrigante. Como um objeto tão massivo conseguiu se formar em um intervalo de tempo tão curto após o Big Bang? Essa questão desafia os modelos tradicionais de crescimento, que preveem um processo lento ao longo de bilhões de anos. Os pesquisadores consideram hipóteses como o acréscimo super-Eddington, no qual o buraco negro cresce acima do limite normalmente esperado, ou a formação de “sementes pesadas”, buracos negros que já nascem com grandes massas diretamente do colapso de nuvens massivas de gás.

Outro aspecto revelado pelo estudo é que o CAPERS-LRD-z9 está envolto por uma densa camada de gás, que absorve parte da radiação e obscurece parcialmente a visão. Esse detalhe é importante porque sugere que muitos outros buracos negros semelhantes podem estar escondidos em levantamentos astronômicos, escapando à detecção por estarem encobertos.

A descoberta também reforça a relevância dos chamados Little Red Dots. Esses objetos compactos, extremamente vermelhos e brilhantes, têm intrigado os astrônomos desde que começaram a ser catalogados. Até agora, não estava claro se seu brilho vinha apenas de intensa formação de estrelas ou da presença de núcleos ativos. Com a confirmação de que CAPERS-LRD-z9 abriga um buraco negro em atividade, a hipótese de que muitos desses pontos vermelhos escondem buracos negros supermassivos ganha força.

Do ponto de vista cosmológico, a observação abre uma nova janela para o estudo da era da reionização, quando as primeiras galáxias e buracos negros começaram a transformar a estrutura do universo. Cada novo objeto detectado nesse período ajuda a reconstruir a linha do tempo cósmica e a responder como estruturas tão complexas surgiram tão rapidamente.

(Imagem ilustrativa)