Dinossauro carnívoro de sete metros é identificado como uma nova espécie na Patagônia

Paleontólogos argentinos identificaram um novo megaraptor, batizado de Joaquinraptor casali. O fóssil, encontrado na Patagônia, data do fim do Cretáceo e ajuda a entender a evolução e os hábitos desses grandes predadores.

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David Braian

9/26/20252 min read

Reconstrução artística do Joaquinraptor com sua refeição de crocodilo. (Andrew McAfee, Museu Carnegi
Reconstrução artística do Joaquinraptor com sua refeição de crocodilo. (Andrew McAfee, Museu Carnegi

Um grupo de pesquisadores apresentou ao mundo uma nova espécie de dinossauro carnívoro, encontrada na região da Patagônia argentina. O animal foi batizado de Joaquinraptor casali e pertence ao grupo dos megaraptores, predadores conhecidos por suas garras alongadas e por ocupar o papel de caçadores de topo em ecossistemas do Cretáceo. A descrição completa foi publicada na revista Nature Communications.

Os fósseis foram descobertos na Formação Lago Colhué Huapi, na província de Chubut, e estão datados do Maastrichtiano, o último estágio do período Cretáceo, pouco antes da extinção em massa que eliminou a maior parte dos dinossauros não avianos. Entre os restos preservados estão partes do crânio, vértebras, membros anteriores e posteriores em bom estado de conservação, o que é raro entre megaraptores, normalmente conhecidos por fósseis fragmentados.

De acordo com os paleontólogos, o animal chegava a cerca de sete metros de comprimento e pesava mais de uma tonelada. A análise dos ossos sugere que o exemplar era adulto, embora ainda pudesse crescer mais. Um detalhe chama atenção: restos de um crocodiliforme foram encontrados presos entre as mandíbulas do Joaquinraptor, o que indica que ele pode ter morrido em pleno ato de alimentação ou, ao menos, em interação direta com sua presa. Esse achado fornece pistas valiosas sobre o comportamento alimentar da espécie.

O estudo também comparou Joaquinraptor casali com outros megaraptores da América do Sul e de diferentes continentes. Os pesquisadores notaram que as formas patagônicas tendiam a alcançar maiores dimensões ao longo do tempo, o que sugere que esses animais foram se especializando para ocupar o papel de predadores dominantes em seus ecossistemas.

A descoberta é especialmente importante porque coloca Joaquinraptor entre os últimos representantes conhecidos de seu grupo, vivendo pouco antes do impacto do asteroide que encerrou a era dos dinossauros. Além de preencher lacunas no registro fóssil, a anatomia do espécime fornece novas informações sobre musculatura, locomoção e estratégias de caça dos megaraptores. Características específicas no maxilar e nos membros diferenciam o novo gênero de seus parentes próximos e ajudam a refinar a árvore evolutiva do grupo.

Com esse achado, a paleontologia ganha uma nova peça para compreender a diversidade e o sucesso dos megaraptores no final do Cretáceo, além de reforçar a importância da Patagônia como uma das regiões mais ricas em fósseis do período.

Reconstrução artística do Joaquinraptor com sua refeição de crocodilo. (Andrew McAfee, Museu Carnegie de História Natural)