
Marte Teve Vida no Passado? Rover Curiosity Faz Descoberta Histórica em Cratera Gale
O rover Curiosity da NASA fez uma descoberta histórica na cratera Gale: a presença de siderita, um mineral que comprova que Marte já teve um ciclo de carbono ativo, o indica que o planeta pode realmente ter sido habitável no passado
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David Braian
4/19/2025


Descoberta Inédita: Marte Antigo Tinha um Ciclo de Carbono Ativo, Dizem Cientistas
Em um avanço surpreendente para a ciência planetária, um grupo internacional de pesquisadores revelou evidências de que Marte já teve um ciclo de carbono ativo — um processo essencial para sustentar ambientes habitáveis. A descoberta foi publicada na prestigiada revista Science por Benjamin Tutolo (Universidade de Calgary) e sua equipe, com base em dados do rover Curiosity, da NASA.
Sinais de um passado mais quente e úmido
Durante sua missão na Cratera Gale, o Curiosity perfurou amostras de rochas sedimentares em uma elevação conhecida como Monte Sharp. Nessas amostras, os cientistas encontraram siderita, um mineral de carbonato de ferro, em quantidades significativas, variando entre 4,8% e 10,5%. A presença desse mineral indica que, em algum momento do passado, a atmosfera marciana tinha uma alta concentração de CO₂, suficiente para manter água líquida na superfície.
“Esses depósitos são testemunhos minerais de um ciclo de carbono que funcionou em Marte”, explicou Tutolo. “É a evidência mais clara que já tivemos de que parte do CO₂ atmosférico foi capturado e transformado em minerais carbonáticos, como acontece na Terra.”
Como se formaram os carbonatos?
Segundo o estudo, os minerais carbonáticos se formaram em ambientes com pouca água, através da reação entre rochas e fluidos enriquecidos com dióxido de carbono. A precipitação de siderita, nesse caso, teria ocorrido devido à evaporação intensa em antigos lagos rasos. Os dados também sugerem que os carbonatos se formaram antes dos sulfatos, o que indica uma sequência química complexa e organizada.
Quanto CO₂ foi armazenado?
Os autores estimam que as camadas sedimentares analisadas poderiam ter armazenado o equivalente a 2,6 a 36 milibares de CO₂ atmosférico — número que representa até seis vezes mais que a atual pressão atmosférica de Marte. Isso é crucial porque, para que o planeta tenha mantido água líquida, ele precisaria de uma atmosfera mais espessa no passado.
Um ciclo incompleto, mas real
Além da formação dos carbonatos, os pesquisadores descobriram algo ainda mais fascinante: parte do CO₂ armazenado retornou à atmosfera. Isso aconteceu quando o mineral siderita foi degradado em condições químicas diferentes, formando outros minerais como hematita e goetita. Esse processo seria semelhante à “respiração” do planeta, completando um ciclo de carbono marciano, ainda que imperfeito — diferente do que ocorre na Terra, onde o ciclo é equilibrado ao longo do tempo geológico.
E agora?
Essa descoberta muda nossa perspectiva sobre Marte: não apenas ele teve água líquida e uma atmosfera densa, mas também mecanismos químicos complexos capazes de regular o clima. Os cientistas acreditam que outras regiões do planeta podem conter depósitos semelhantes, ainda não detectados por sondas orbitais.
Conclusão
A evidência de um ciclo de carbono em Marte é um passo gigantesco rumo à compreensão de sua história climática — e, talvez, do potencial que o planeta teve para sustentar vida.
🔗 Fonte/Leia o estudo completo em inglês:
Carbonates identified by the Curiosity rover indicate a carbon cycle operated on ancient Mars
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